Com a rapidez da evolução do conhecimento científico e da tecnologia, na era da sociedade da informação e com a robotização, o avanço da Inteligência Artificial (IA), do Block Chain, da Internet of Things (IoT) entre outras, as carreiras tecnológicas tornam-se cada vez mais atrativas e com maior procura. Nesta área da transformação digital estão as profissões mais bem pagas em Portugal.
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Índice
- Que ganhos são expectáveis para os profissionais tecnológicos
- Expectativa de aumento de ganhos anuais
- Algumas diferenças no trabalho e nível das remunerações
- Qual a diferença entre um Contratado e um Freelancer?
- Evolução da procura
- Motivações adicionais de trabalho
- Facilidade para adquirir competências técnicas
Que ganhos são expectáveis para os profissionais tecnológicos
Embora dependente do tipo de relação que o profissional tem com a entidade que carece dos recursos, podemos dizer que um colaborador permanente de uma empresa pode ter um salário bruto que ronda os 32.500€ anuais.
Este é o valor que a Landing.Jobs estimou e divulgou no Relatório “Tech Careers Report PT 2021”. O estudo é baseado numa amostra de 4.050 respondentes Portugueses.
Estão nesta área as profissões mais bem pagas em Portugal quer para os que trabalham em regime livre quer os que têm um vínculo permanente.
Por outro lado, os profissionais que colaboram em regime de contrato (contractors) auferem um salário bruto de 48.000€ anuais, o equivalente a 4.000€ brutos mensais.
O valor bruto desta remuneração, de acordo com o relatório, foi calculado multiplicando o valor horário, reportado pelos inquiridos, por 10 meses e 160 horas de trabalho mensal.
A diferença de 15.550€, isto é, mais 54% de remuneração a favor dos profissionais que preferem um regime mais autónomo do trabalho, em relação aos trabalhadores em regime permanente, merece aqui uma reflexão adicional.
O trabalhador permanente que aufere 32.500€ por ano, admitindo ser casado, 1 titular, 2 dependentes e recebendo 2 subsídios de férias e Natal em duodécimos tem um salário bruto por mês de 2.708€, o que equivale a um vencimento líquido, com subsídio de alimentação e retenção na fonte do IRS e TSU, de 2.457€.
Ao invés, os trabalhadores em regime livre, em Portugal, têm de descontar para a Segurança Social, o que implica que o salário bruto de 4.000€ por mês, aplicando 21,4% de TSU, passe a 3.144€, a que acresce o Imposto de Rendimento (IRS). Se calcularmos o IRS usando uma média de 37% trará o valor líquido para perto de 2.000€ mensais.
A comparação entre valores brutos dos ganhos tem de ser ajustada e, embora dependendo das taxas relativas à situação de cada profissional, pode a diferença não ser tão apelativa como os valores brutos aparentam.
Se pensar enveredar por esta via verifique bem as suas contas, ajustando com as obrigações legais e fiscais, sem esquecer que o IVA deve também ser considerado, embora possa ser deduzido.
Expectativa de aumento de ganhos anuais
Nos últimos 12 meses, o estudo estima que 52% dos profissionais viram o seu salário aumentado, enquanto os restantes 42% o tiveram estagnado.
São os contratados os que tiveram maior aumento, cerca de 15%, enquanto os empregados permanentes apenas registaram um aumento entre 0% e 5% na sua remuneração.
Para ter mais informação para poder melhorar a gestão da sua carreira profissional, veja este artigo que publicamos.
Algumas diferenças no trabalho e nível das remunerações
Os profissionais que trabalham remotamente têm um salário superior, em média 35,4%, em relação aos que trabalham em regime presencial.
Os profissionais técnicos mudam de trabalho em média entre 1,5 e 2,3 anos.
34% dos respondentes ao Inquérito trabalham remotamente, independentemente da pandemia.
Trabalhar noutras latitudes e longitudes apresenta uma média de remuneração maior em cerca de 33%. A América remunera melhor, seguindo-se a Europa.
Em Portugal, as zonas metropolitanas de Lisboa e Porto apresentam maiores níveis de remuneração, que temos de enquadrar no custo de vida de cada zona, também é diferente.
Ainda há discrepância entre as remunerações de homens e mulheres sendo o “gap” de 16%, uma percentagem que tem vindo a diminuir. Uma tendência com sinal positivo.
Qual a diferença entre um Contratado e um Freelancer?
Os freelancers são trabalhadores independentes, que muitas vezes trabalham a partir de casa ou do seu próprio escritório. Normalmente trabalham para vários clientes em vários projetos, por vezes em simultâneo.
É vulgar encontrar este tipo de trabalho nos setores de marketing, media e criativo, entre designers, fotógrafos, escritores, web developers e bloguers. Também se encontra tradutores, tutores, “personal trainers”, fisioterapeutas e mesmo contabilistas.
Entre um contratado e um freelancer a diferença é que o primeiro trabalha num projeto de cada vez, por um período que pode ir de vários meses a alguns anos, normalmente associado ao setor da transformação digital e, a maior parte das vezes, trabalhando nas instalações do cliente contratante.
Em termos fiscais ambos têm o estatuto de trabalhadores independentes, a recibo verde, ou então com a sua própria empresa.
Algumas empresas em Portugal nasceram assim e têm agora vários profissionais que alocam aos projetos de clientes que vão angariando. Deixaram assim de ser profissionais tecnológicos para se tornarem empreendedores.
Evolução da procura
De acordo com a investigação levada a cabo pela Landing.Jobs, a procura está a aumentar e calcula-se que, neste momento, o mercado Português pretende 75.000 profissionais com competências tecnológicas.
Entre estas profissões mais bem pagas em Portugal, algumas têm uma maior procura.
Há trabalho mais apelativo para a utilização de contratados como seja o de Programador de Aplicações Móveis, Solutions Architect e Full-Stack Developer (programador quer do back end, os servidores, quer do front-end, os browsers, dos clientes).
Noutros casos, as empresas tendem a optar por trabalhadores permanentes para a Chefia de Projetos, Engenheria de Sistemas, Mestre em Scrum (Scrum Master), Cibersegurança, apoio a utilizadores e manutenção dos sistemas, bem como nos testes dos sistemas para garantia de qualidade.
As linguagens de programação mais procuradas são:
- Javascript
- SQL
- HTML/CSS
- Java
- C #
- Typescript
- Python
As linguagens Go, Perl, Kottlin estão no topo das remunerações enquanto o VBA, SQL e PHP estão na escala inferior das retribuições.
No que se refere aos cargos e funções desempenhadas, os que estão entre as profissões mais bem pagas são os Chief Technology Officer (CTO), Technical Team Leaders (TTL) e os Solutions Architects (Analistas de Sistemas e Analistas de Negócio).
Motivações adicionais de trabalho
Os maiores motivadores no trabalho revelam ser o
- Equilíbrio entre a vida profissional e pessoal
- Oportunidades de crescimento na carreira
- Remuneração, prémios de desempenho e benefícios
- Horário flexível (embora seja negociável, a lei impõe uma remuneração adicional de 25%)
- Autonomia e cultura empresarial
As empresas têm de se adaptar a estas idiossincrasias oferecendo aos seus colaboradores, internos ou externos, condições adicionais para manterem uma boa motivação.
Facilidade para adquirir competências técnicas
As competências técnicas são, em geral, adquiridas em cursos do ensino superior, quer em Universidades quer em Politécnicos.
No entanto, há muitos cursos em e-learning que emitem certificados de frequência, como os da Udemy, Scopphu e Coursera e, também, através de Bootcamps.
A formação em Bootcamp é mais concentrada e assim, de forma mais rápida, permite obter as qualificações técnicas.
Há oferta diversificada nesta área, como sejam:
- Ironnhack
- Le wagon
- Academia de Código
- Wild Code School
- 42 Lisboa (cursos gratuitos)
- 4Geeks
- Thorly (Start Up Lisboa)
- Upskill (apoio governamental)
Veja também
- Adoção das Tecnologias Digitais em Portugal e Comparação com a UE
- As profissões mais procuradas e os salários em Portugal em 2020
- Futuro das Profissões no Mundo, uma visão de 2020 a 2025
- Cursos superiores com mais empregabilidade em Portugal em 2020
- Situação da Desigualdade de Género em Portugal
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