Queremos, agora, abordar as formas de gestão de tesouraria correta, com o objetivo de termos sempre a liquidez necessária ao bom funcionamento das finanças da empresa. Ou seja, ver quais os investimentos necessários, nomeadamente de fundo de maneio e como melhor o planear e gerir.
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Índice
O que já fizemos do nosso Plano de Negócios
Escolhemos a restauração, como exemplo de projeto de negócio.
Assim, vimos o que se deve ter em conta para elaborar o modelo de negócio.
Analisamos a concorrência, para ter uma ideia do plano de vendas ou proveitos do nosso empreendimento.
Calculamos o custo de produção dos diversos pratos da ementa.
Estimamos o custo de mão de obra e vimos quais as necessidades de fundo de maneio.
Utilizamos uma folha de cálculo para colocar os valores do Plano de Negócios.
Resultado a que chegamos
O Resultado de Exploração (RE) no primeiro ano, é de 27.947€, conforme o quadro:

Sendo um resultado positivo, não damos por terminado o exercício de planeamento, pois podemos modificar algumas estratégicas para perceber o impacto no RE, por exemplo, se aumentarmos os encargos de pessoal.
Sem entrarmos em grandes detalhes, se os custos de pessoal aumentarem 10.000€ o RE continuaria a ser positivo.
Vamos continuar, sem esquecer que qualquer modificação nestes custos terá impacto no fundo de maneio e, consequentemente, na liquidez que é preciso ter em conta na gestão de tesouraria.
Para termos uma visão mais global é então preciso analisarmos o impacto do investimento, nas suas várias vertentes.
Finanças do Projecto
Vejamos então o quadro dos investimentos que consideramos necessários.

Assim, o capital necessário ao projeto é de 37.781€, sendo 15.000€ para investirmos em ativos fixos, numa perspetiva de finanças de médio longo prazo e 5.000€ em despesas diversas amortizadas num só ano.
O fundo de maneio, também precisa de ser financiado, neste caso em 17.781€. São as necessidades de liquidez, de curto prazo.
Como fazer a Gestão de Tesouraria e melhorar a Liquidez
As necessidades de liquidez podem ser aumentadas ou diminuidas, conforme o risco que estamos dispostos a aceitar.
Se quisermos diminuir os riscos de colapso na tesouraria, devemos aumentar este fundo de maneio. Se estes 17.781€ estiverem planeados para um mês e se quisermos aumentar para 2 meses, o valor subirá para 35.562€.
Podemos no entanto, reduzir alguns custos por forma a dar mais folga à tesouraria e aumentar a liquidez. As nossas finanças agradecem!
Uma forma simplista de o reduzir, é manter os níveis de stock muito baixos. Mas neste negócio, queremos correr esse risco?
Por exemplo, em vez de comprarmos garrafas de vinho uma vez cada 2 meses, planeamos o abastecimento só para uma semana.
Assim, conseguimos aumentar a liquidez, mas corremos o risco de rotura de stock, reduzindo, com isso, a qualidade do nosso serviço, que pode ter consequências negativas nas vendas.
Por outro lado, será que o nosso fornecedor estará disposto a ir semanalmente abastecer-nos?
E se aumentarmos a frequência do abastecimento e reduzirmos a quantidade entregue em cada fornecimento, será que o preço se mantem?
Podemos aumentar os colaboradores, negociar melhor os preços de aquisição de produtos e serviços e, assim, diminuir os custos de mercadorias vendidas e matérias consumidas (CMVMC) e os de fornecimentos e serviços externos.
Mas devemos manter uma estratégia cautelosa, para fazer face aos imponderáveis que certamente irão acontecer.
Uma eficiente gestão de tesouraria passa por definir claramente:
- Prazo médio de recebimento dos clientes
- Prazo médio de pagamento a fornecedores
- Nível de stocks que pretendemos
Uma má Gestão de Tesouraria, traz Endividamento
Podemos, no entanto, em vez de só aumentar o fundo de maneio com recurso a capitais dos sócios, verificar junto da Banca, se é possível ter algum apoio para a tesouraria da empresa.
Por exemplo: definir um limite de crédito para utilizar em qualquer momento, para cobrir as flutuações que possam ocorrer na tesouraria. É claro que isso tem um custo, mas evita a utilização de capital dos sócios.
Outra hipótese é a utilização de cartão de crédito da empresa. Também tem um custo mas ajuda as finanças da empresa.
Quando se recorre a programas de apoio à tesouraria, a maior parte das vezes é por necessidades de fundo de maneio, ou seja, falta de liquidez na empresa para manter o normal fluxo de pagamentos e recebimentos. É um problema de curto prazo, que pode fazer perigar a empresa.
A falta de liquidez pode ocorrer quando, por exemplo, os clientes não estão a cumprir os prazos de pagamento ou os fornecedores resolveram diminuir os seus prazos de recebimento.
Ao invés, pode haver necessidade de financiamento de equipamento que a tesouraria não suporta. A liquidez é uma ótica de curto prazo, enquanto um investimento em ativos fixos é uma necessidade que se enquadra numa ótica de médio ou longo prazo.
Se necessitarmos de apoio bancário, teremos condições diferentes da ótica do curto prazo.
Liquidez a Mais
Se tiver muita liquidez, não é boa prática de gestão de tesouraria, deixar ficar o dinheiro no Banco e nada fazer.
Pode aproveitar e renegociar descontos maiores com os fornecedores para liquidação antecipada das faturas.
Veja Também
- Necessidades de tesouraria e capital circulante
- Gestão de recursos humanos
- Capital próprio e fontes de financiamento