Visitar Belmonte, no sopé da Serra da Estrela, pois é uma das vilas portuguesas mais relacionadas com a epopeia dos Descobrimentos. Recebeu a sua Carta de Foral de D. Sancho I, 2º Rei de Portugal, em 1199. Aqui nasceu Pedro Álvares Cabral em 1467 e passou a sua infância, antes de partir para a descoberta de novos mundos. No Castelo de Belmonte ainda podemos sentir a importância da família Cabral.

Andamos pelas ruas para visitar Belmonte e nas fachadas das suas casas descobrimos as histórias dos últimos judeus “secretos”.
Encantamo-nos com os locais que acolheram a última comunidade Cripto-Judaica da Península Ibérica.
Visitar Belmonte e a sua História
Pedro Álvares Cabral, o Navegador, pertencia à família dos Alcaides de Belmonte e descobriu o Brasil no Século XV.
É impressivo o relato dessa descoberta na carta de Pero Vaz de Caminha, atualmente na Torre do Tombo.
Reza a carta, a certa passagem:
(22 de abril de 1500)
“E quarta-feira seguinte, pola manhã, topámos aves, a que chamam fura-buchos.
Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra!
Primeiramente de um grande monte, … Ao monte alto o capitão pôs nome o Monte Pascoal e à terra, a Terra da Vera Cruz”.

A grande festa de Belmonte é a 26 de Abril, data da primeira missa que se celebrou em campo aberto no Brasil.
O Castelo de Belmonte
O Castelo de Belmonte foi sendo melhorado por vários Reis, como muralha contra as incursões leonesas e castelhanas.

A coragem e lealdade à Coroa da família Cabral foi reconhecida e Fernão Cabral, pai de Pedro Álvares Cabral, foi nomeado a título hereditário, o primeiro Alcaide Mor de Belmonte, por D. Afonso V em 1466.
O Castelo de Belmonte foi passando por várias transformações e Fernão Cabral acabou por adaptar esta edificação militar como casa senhorial e onde a família Cabral passou a residir.

Ainda existem vestígios romanos nesta vila. Iniciando a caminhada pela calçada romana vamos ao encontro da História e da Comunidade Judaica.
No Castelo, uma magnífica janela manuelina e uma imponente Cruz de Pau, réplica da que foi levada por Pedro Álvares Cabral e usada na primeira missa campal celebrada no Brasil em 26 de Abril de 1500, destacam-se sob o céu azul.
Na Torre do Castelo há duas Bandeiras hasteadas, a Portuguesa e a Brasileira.
Quando se apercebem, os que estão a visitar Belmonte, quer portugueses quer brasileiros e passam pelo Castelo de Belmonte, ficam comovidos e deixam-no transparecer nos olhares que se entrecuzam.

Comunidade Judaica
A comunidade Judaica de Belmonte tem muitas particularidades. Na altura da expulsão dos Judeus de Portugal e de Espanha, pela Inquisição, no Século XVI obrigou os que aqui viviam a terem de sair do País ou a converterem-se ao catolicismo.
Alguns saíram, outros converteram-se, outros ainda, formalmente convertidos, mantiveram as suas tradições judaicas e culto em segredo no seio da família.
Em Belmonte, um grupo de judeus isolou-se do resto do País e dando continuidade às suas tradições judaicas, às escondida, muito embora muitos conterrâneos o soubessem. Nas suas casas colocaram cruzes para manifestarem a sua conversão, mas alguns símbolos judaicos ficaram, sem ser notados. Há quem diga que os descendentes dos judeus sefarditas portugueses e espanhóis que se converteram ao catolicismo, contra a sua vontade, se chamariam Marranos, por não comerem carne de porco. Etimologicamente é termo similar ao que se usa no Alentejo para designar uma porca nova, a “marrã”.

Os Marranos de Belmonte conseguiram manter as suas tradições até aos dias de hoje, sendo um caso invulgar de uma comunidade criptojudaica, aqui instalada há mais de 500 anos.
Em 1970, a comunidade judaica estabeleceu contacto com Israel e tornou oficial a sua existência.

Em 2005 foi inaugurado o Museu Judaico de Belmonte que mostra as tradições e a forma própria de viver da Comunidade Judaica.
Igreja de Santiago e Panteão dos Cabrais
Ao visitar Belmonte, deparamo-nos com o Panteão da família Cabral. Na Igreja de Santiago, encontramos as sepulturas da família Cabral, ladeadas por belas pinturas murais.



Visitar Belmonte e saber da sua Lenda
Entre as lendas que existem por estas terras, uma delas se destaca, a Lenda da Cabra e do Cabrito.
No sonho de um pastor três noites seguidas a voz dizia “Vai a Belém que lá está teu bem”. E o pastor andou dias e noites à procura de Belém e acabou por encontrar debaixo de uma pedra um tesouro enterrado. De lá retirou uma cabra e um cabrito, em ouro maciço. Apressou-se a contar a descoberta ao seu Rei a quem perguntou se queria a cabra ou o cabrito. A escolha de Sua Alteza foi para o cabrito, pois seria um melhor petisco. Quando se apercebeu que o cabrito não era de carne e osso mas em ouro, o Rei louvou a esperteza do pastor e este, de seguida, ofereceu também a cabra. Em reconhecimento por tão valiosas ofertas o Rei ordenou que se desse ao pastor tudo o que a vista alcançava do alto da serra de Belmonte.
Assim nasceu a vila e o senhorio dos Cabrais, em cuja Brasão de família estão representados a cabra e o cabrito.

Museu dos Descobrimentos
Ao visitar Belmonte, não se pode perder o Museu dos Descobrimentos.
Inaugurado em 2009, tem 16 salas que muito bem ilustram a epopeia e onde facilmente nos perdemos e encontramos, pois os módulos interativos levam-nos a navegar em Caravelas, tentando aportar a locais abrigados, revivendo aqueles tempos. Até chegamos às novas cores, sons e gentes!
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