O Palácio e Quinta da Bacalhoa é um local com mais de 500 anos de História. A zona envolvente do Palácio, chamada hoje Quinta da Bacalhoa, é conhecida desde os primórdios da nacionalidade.
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Índice
A História da Quinta e do Palácio da Bacalhoa
A atual área da Quinta pertence ao Concelho de Setúbal e foi conquistada por D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal.
No entanto, em 1190 voltou a ser reconquistada pelos Mouros, quando D. Sancho I, filho de Afonso Henriques, teve de concentrar as forças a norte de Portugal para defesa do território dos ataques de Leão e Castela.
Os Mouros conhecedores da situação continuaram a progredir para norte e foram contidos e derrotados na batalha de Tomar, com a ajuda preciosa dos Templários.
Só em 1218, depois de reconquistadas estas terras, D. Afonso II implementou as “inquirições” e as “confirmações” como forma de controlar os bens da nobreza e do clero.
Passaram, então, a ser conhecidas e registadas as terras da atual Quinta da Bacalhoa.
O Rei D. João I, o primeiro da dinastia de Avis, foi seu proprietário e passou-a para o filho, João, Infante de Portugal, em 1427.
A filha do Infante João, Dª Brites herdou a propriedade em 1447 e nela construiu o Palácio.
Esta Quinta, passou a ser conhecida como Vila Fresca ou Villa Fraiche, para dar um ar mais “nobre” a uma propriedade da família de Avis.
Foi vendida em 1528 a Brás de Albuquerque, filho de Afonso de Albuquerque, que tinha viajado por Itália e se apaixonou pelo Renascimento italiano.
Afonso de Albuquerque, Governador da Índia entre 1509 e 1515, foi o segundo Europeu a construir uma cidade na Ásia, depois de Alexandre o Grande da Macedónia (356-323 a.C.).
Depois de Brás de Albuquerque adquirir a propriedade, conhecida na altura por Quinta da Condestabelessa, remodela profundamente o Palácio.
As obras duraram 26 anos para terminar a parte arquitetónica e mais 11, para revestir todo o Palácio com azulejos.
Um sonho concretizado ao fim de 37 anos!


Em 1609 a propriedade passa para Dª Maria de Mendonça e Albuquerque. Casada com D. Jerónimo Manuel, comandante da frota das Índias e com a alcunha de “o Bacalhau” por comerciar a dita espécie. É, depois destes tempos, que a quinta passa a ter a designação de “Bacalhoa”.
A Quinta e o Palácio da Bacalhoa estiveram na posse da família Albuquerque mais de três séculos.
É comprada pelo Rei D. Carlos no início do século XX e vendida a Raul Martins Leitão.
Este entrou em insolvência e vendeu a propriedade, já em completa ruína, a Orlena Scoville, em 1937.
É esta senhora americana, apaixonada pela arte e por Portugal, que reconstrói o Palácio e o que restava das peças em azulejaria, medalhões e bustos, muitos vandalizados ou vendidos para Itália.
Em 2000, Thomas Scoville, neto de Orlena Scoville, vendeu a propriedade a Joe Berardo e é hoje pertença da Bacalhoa Vinhos.
Casa do Lago e Jardins
A Casa do Lago, casa do tanque ou casa de prazer está revestida de azulejaria e tem na sua frente um lago e à sua volta um jardim.
É a zona de recreio, para passear e desfrutar da natureza.
A habitação deixa de ser tão fechada e passa a ser virada para a natureza.
O jardim combina o típico jardim de buxo do recreio renascentista com o bem português laranjal, entretanto substituído pela vinha.
O tanque que inicialmente se destinaria somente à rega, passa a ser um elemento monumental do jardim.
Os primeiros azulejos vieram de Sevilha, mas Brás de Albuquerque cedo percebeu que teria de os tornar mais genuinamente portugueses.

Aqui se encontra o azulejo português que começava a surgir e levou um grande impulso com este visionário da arte.
Este Palácio quinhentista é considerado como o mais importante repositório dos primórdios da azulejaria Portuguesa.
A Quinta da Bacalhoa
A quinta produzia vinho e azeite.
O azeite era muito vulgar nesta zona, com muitos olivais.
A Vila Fresca de Azeitão, deve o nome “de Azeitão” aos extensos olivais que existiam na época árabe.


A Fundação Berardo transplantou uma oliveira milenar, aquando da construção do Alqueva, o maior lago da Europa construído pelo homem. A oliveira está em frente da sede da Quinta da Bacalhoa.
Terá sido plantada pelos romanos, por volta de 300 A.C. Como diz a inscrição “os romanos apanharam azeitonas desta árvore, antes de Jesus Cristo fazer os milagres da multiplicação dos pães…”. É por isso uma sensação quase divina, tocar nesta árvore.
O vinho também era produzido na quinta, mas foi Orlene de Scoville que mandou plantar as castas de Cabernet Sauvignon e Merlot.
Ainda hoje se mantêm estas vinhas e o seu cultivo incrementado.
Localização do Palácio e Quinta da Bacalhoa
Em Vila Fresca de Azeitão, o Palácio tem entrada pela Estrada Nacional 10 (N10) e a sede da Bacalhoa Vinhos dista cerca de 2Km, na N10.
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