A estratégia que levou Portugal à aventura da descoberta de novos caminhos e rotas marítimas. Para criar confiança no comércio, criou a primeira moeda do mundo global, que se chamou “O Português”!
A estratégia planeada pelos Rei D. João I, Rainha Filipa de Lencastre, Príncipes de Avis-Lencastre e o fiel amigo D. Nuno Álvares Pereira, levou Portugal a ser o País Europeu que fez a mudança de paradigma de “nações sempre em guerra” para aumentarem as suas possessões, para um tipo de poder assente nas “relações comerciais”.
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Uma Estratégia que Podemos Chamar de Disruptiva
D. João I, com apenas 7 anos, é armado cavaleiro e nomeado Mestre da Ordem de Avis.
Os conhecimentos adquiridos, bem como a vivência que a futura Rainha Filipa de Lencastre teve junto do pai John of Gaunt (ou João de Gant), Príncipe de Inglaterra e Duque de Lancaster, foram decisivos para a educação dos príncipes.
É esta “equipa” que define e implementa uma nova estratégia que põe de lado a conquista de riqueza pela guerra e privilegia a ciência e o comércio como a nova forma de poder e que resulta do lucro dos negócios.
O filho mais conhecido do Rei D. João I é D. Henrique mas, D. Duarte, futuro Rei, D. Pedro, D. João, D. Fernando e D. Isabel que casa com o Duque de Borgonha, são os jovens impulsionadores do sonho de descobrir e alcançar o desconhecido.
Para abrir novos caminhos foi preciso enfrentar o desconhecido e atrever-se a navegar “por mares nunca dantes navegados”, como dizia Luiz Vaz de Camões, n´Os Lusíadas em 1572.
Embora a missão do empreendimento fosse de ordem económica, política, social, religiosa e comercial, a conquista de Ceuta era o passo fundamental para o arranque desta estratégia. O Mediterrâneo estava controlado por piratas mouros e os Estados do Norte de África impediam as rotas terrestres provenientes de África.
A operação Ceuta foi realizada em 1415 e, até à descoberta do caminho marítimo para a Índia e para o Brasil, decorreram cem anos. Uma estratégia de longo prazo, um século de muita morte, espírito empreendedor, competência e determinação.
É já no reinado de D. Manuel I que o caminho marítimo para a India é descoberto por Vasco da Gama em 1498 e que Pedro Álvares Cabral chega ao Brasil em 1500.
A Primeira Moeda do Mundo Global O Português
Neste contexto de globalização do comércio, o Rei D. Manuel I considerou ser necessário lançar uma nova moeda que fosse confiável e uma referência no mercado global.
Criou assim a moeda que designou por “O Português”.
É uma moeda com 35,5 gramas de ouro e a de maiores dimensões alguma vez feita por um território europeu. O seu valor real está, portanto, incorporado na própria moeda, dando por isso confiança aos mercadores que a utilizavam e, por arrastamento, a todas as moedas da nação Portuguesa, promovendo a credibilidade dos mercadores Portugueses.
As primeiras moedas d´O Português foram cunhadas entre 1495 e 1497, durante quatro décadas e produzidas em Lisboa, Porto, Goa, Malaca e Coxim.
“O Português” foi uma das moedas que Vasco da Gama levou nas naus para a Índia e um dos presentes que D. Manuel I enviou ao Papa Leão X em 1514.
Uma moeda real que valia o seu peso em ouro. Para termos uma ideia, 35,5 gramas de ouro, embora dependendo da cotação do ouro, valeria atualmente cerca de 1.650€.
“O Português” apresentava no anverso legendas envolvendo o escudo e a coroa e, no reverso, a Cruz de Cristo, representada pela primeira vez numa moeda.
A moeda circulou durante o século XVI, tal como hoje circula o dólar e o euro e, mais recentemente, por via das tecnologias digitais a Criptomoeda.
A moeda teve tanta relevância que mais tarde, entre 1570 e 1640, já “O Português” tinha deixado de ser cunhado, quando algumas cidades europeias passaram a criar a sua moeda a que chamaram Portugaloser, usando a Cruz de Cristo como “O Português” e com legenda que referiam o valor da antiga moeda de referência.
A moeda “O Português”, tem no anverso duas legendas a envolver o escudo coroado:
EMANUEL R PORTVGALIE AL
C VL IN A D G CNC ETHIOPIE ARABIE PERSIE I
Significando de forma abreviada: “D. Manuel I, Rei de Portugal e dos Algarves, daquém e além-mar em África, Senhor da Guiné, da conquista e navegação e comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia”

No reverso, a legenda à volta da Cruz de Cristo “IN HOC SIGNO VINCEES”, significa em Português atual: “Com Este Sinal Vencerás”.

Notam-se as marcas do gravador do cunho, três pontos no topo da cruz.
D. Manuel I foi um continuador da estratégia de descoberta dos oceanos, implementando novas rotas tendentes a facilitar e incrementar o comércio entre os diferentes mundos do Oriente ao Ocidente.
Era Grão-Mestre da Ordem de Cristo, herdeira dos Templários e, juntamente com a Ordem de Avis e a de Santiago, foram as fontes de conhecimento, de visão global e de financiamento do empreendimento.
O “português” ficou a ser conhecido como a primeira moeda global do mundo!
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Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões
"Impressos em Lisboa, com licença da Santa Inquisição, & do Ordinario: em casa de Antonio Gõçaluez Impressor, 1572"
Envio do link do download para:
Imagem: Sonho profético de D. Manuel com os rios Ganges e Indo. Numa edição de Os Lusíadas. Biblioteca Nacional de Portugal.