O antigo Palácio dos Condes de Coculim é no Campo das Cebolas em Lisboa. Com o terramoto de 1755 esta zona ficou destruída e encontraram-se, agora, vestígios dos fenícios em Lisboa e do seu legado!
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Terá sido no Campo das Cebolas a origem do mercado de produtos hortícolas de Lisboa. Anteriormente localizado no Terreiro do Paço e para aqui transferido quando a corte saiu do Castelo de S. Jorge e se instalou no Terreiro do Paço. atual Praça do Comércio.
Por isso, desde o final do século XV o lugar é designado como Campo das Cebolas.
Palácio dos Condes de Coculim no Campo das Cebolas
O Palácio dos Condes de Coculim remonta ao Século XVI e foi quase totalmente destruído pelo terramoto de 1755 e do incêndio e maremoto (tsunami) que se lhe seguiram.
A Casa de Linhares que também ruiu no terramoto de 1755, fica situado na rua de trás e foi onde viveram os Condes de Linhares. É hoje uma Casa de Fados.
Quem eram os Condes de Coculim
Conde de Coculim é um título nobiliárquico criado pelo Rei D. Afonso VI de Portugal e atribuído a D. Francisco de Mascarenhas, o segundo filho de João de Mascarenhas. Este foi o 1º Marquês de Fronteira, título conferido pelos serviços prestados à Coroa em Cuncolim, no antigo Estado Português da India.

Coculim foi o nome adotado, embora com uma incorreção na grafia, pois originalmente era Cuncolim no Concelho de Salsete, uma ilha, a noroeste da Índia.
O Conde de Coculim habitou este Palácio até ao terramoto de 1755, após o qual se mudou com a família do Campo das Cebolas para as Fontainhas.

Pesquisa Arqueológica no Palácio de Coculim
O local é bem conhecido e há gravuras antigas que o ilustram. Depois do terramoto de 1755 foi reconstruído. Nesses tempos não havia património protegido, pois o imperativo era de rapidamente alojar as pessoas e a vida continuar.
O Palácio foi transformado em 1858 num armazém de ferro da Sommer e, mais tarde, num escritório da empresa de cimentos de Leiria.
Antes mesmo do terramoto de 1755 aconteceram lutas, guerras e invasões que tornaram grande parte de Lisboa num amálgama de construções, umas por cima de outras.
Os Fenícios aqui viveram
Todos sabemos que em Lisboa, sempre que há obras que impliquem levantamento do chão, é muito provável que encontremos um cais medieval, um cemitério de que não havia relato ou restos da vida quotidiana de Romanos, Muçulmanos, Cristãos, Fenícios, Hebreus e Cartagineses.
É a Lisboa antiga dos tempos de Fenícios, Cartagineses e Romanos!!
Os Lusitanos não eram bastantes para estas avalanches.
Finalmente Encontramos Vestígios da Civilização Fenícia
Já sabíamos que os Fenícios tinham andado pela orla costeira de Portugal e não só em Lisboa, pois também em Alcácer do Sal, Santarém e Castro Marim há evidências dessa passagem. Já tinham sido encontrados vestígios da civilização Fenícia, mas pensava-se que só por aqui passassem para comerciar e não se tinham instalado e aculturado.
A civilização Fenícia, uma das mais antigas, tinha o seu território pela atual Tunísia, Síria, Líbano, norte de Israel e todo o Mediterrâneo, entre 1.500 a.C. e 300 a.C.
Acredita-se que os fenícios tenham chegado a Lisboa no século VII a.C. e tivessem criado a base para uma rota comercial significativa entre o Mediterrâneo e a Europa. O Rio Tejo e a zona do seu estuário permitiam a estabelecimento de um porto que seria usado para comerciar metais como o estanho
Finalmente encontrámos prova de que, além do comércio, por aqui ficaram.
Uma estela dos Fenícios, escrita em alfabeto fenício, a mais antiga encontrada na Europa Ocidental e presente no antigo Palácio dos Condes de Coculim, Campo das Cebolas em Lisboa.

O Texto na Estela dos Fenícios
São três linhas de texto, uma delas fragmentada, mas que não deixa dúvidas aos arqueólogos e especialistas.
É uma dedicatória funerária em fenício, com provável referência a nomes indígenas, datada do século VII A.C.
Quem escreveu na lápide pretendia que outros a vissem e lessem e, por isso, se pensa que houve aculturação dos locais com os Fenícios.
A estela funerária encontrada “pesada e com escassas marcas de manuseamento, sugere que for gravada no próprio local” conforme refere Nuno Neto.
Um Hotel no Antigo Palácio dos Condes de Coculim
Escavado o local durante quase dois anos e resgatadas algumas preciosidades, o proprietário do Hotel, sensível a este património, integrou-o no projeto e tornou-o visitável. Uma espécie de Museu 5 estrelas, tal como o Lisboa Eurostars Museum.
Encontramos aqui vestígios romanos, lado a lado com estes mais antigos dos Fenícios e dos mais recentes Mouros.

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