Visitar o Palácio Nacional de Mafra e a sua Biblioteca transporta-nos à época do seu mentor, o Rei D João V o Magnânimo. O Rei D João V, cognominado o Magnânimo é, muitas vezes, identificado como o Rei que gastou a riqueza que tinha a sua origem no ouro do Brasil. Como acontece, frequentemente, é-se pecador por fazer e por não fazer. O certo é que deixou, entre outras, esta obra magnífica, a Biblioteca de Mafra onde compilou as melhores obras do Mundo, incluindo o livros proibidos pela Igreja e referidos no célebre Index.
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Índice
Na verdade, nesse tempo, houve um grande dispêndio de riqueza e, enquanto uns dizem ter sido em gastos supérfluos, outros dizem que foi um investimento. Certo é que o contexto em que se vivia em Portugal é o da saída, em 1640, do domínio dos Filipes de Espanha, da Guerra da Sucessão Espanhola que envolveu vários Estados e que terminou em 1711 e da paz com Espanha, só assinada em 1715.

A Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra
Nesta Biblioteca há cerca de 36.000 volumes, alguns dos quais contendo vários livros, não se sabendo por isso a quantidade exata. A compra de livros para a Biblioteca de Mafra foi iniciada pelo rei D. João V e a maior parte deles aqui chegaram, ainda, no seu reinado. O pensamento do Rei D João V era o de incentivar o conhecimento em várias vertentes. Reunir o que estava escrito era uma delas, mas, também, lhe é devida a ideia de impulsionar novos projetos como a “Passarola” de Bartolomeu de Gusmão, o primeiro aeróstato, rodeado de muitas “fake news” como se diz agora.


Livros Proibidos pela Igreja e o Index
A importância deste acervo foi reconhecida pelo Papa Bento XIV que, em 1754, proibe a saída de obras da Biblioteca sem autorização Régia, sob pena de excomunhão e autorizando até o Rei a incluir obras proibidas, referenciadas numa lista de livros que deveriam ser controlados pela Inquisição, o Index. São cerca de 800 as “obras proibidas” e estão nas estantes do piso superior da Biblioteca, com uma inscrição distintiva que não levanta suspeitas a eventuais curiosos.
O Index e a existência desses livros proibidos pela Igreja, davam uma importância extrema à Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra, pois para obter autorização papal era preciso granjear grande prestígio.
Entre os vários livros proibidos pela Igreja está, a do filósofo italiano Giordano Bruno, o qual defendia ser a Terra que girava à volta do Sol e, por isso, foi condenado à fogueira, em 1600, por essa heresia, entre outras.

Criar conhecimento
Na Universidade de Coimbra, criada em 1290 por D. Dinis, a Biblioteca é iniciada em simultâneo com a construção do Palácio Nacional de Mafra, em 1717. É precisamente nesta altura que são feitas grandes aquisições de livros no estrangeiro, enviando o Rei emissários com a tarefa de encontrar as obras mais recentes e as melhores. Esses livros irão ser distribuidos por Mafra, Coimbra, Palácio das Necessidades e Biblioteca do Paço na Ribeira, a qual, com cerca de 60.000 volumes, foi totalmente destruída pelo terramoto de 1755.
Estamos em pleno Iluminismo e parece que o Rei D João V queria concentrar nesses locais todo o conhecimento existente até à data, incluindo os livros proibidos pela Igreja – o Index.

A Casa da Livraria, como também é chamada a Biblioteca de Mafra, teve início com a compra de obras pelo Magnânimo, mas o espaço e a construção das estantes foi conduzida já no tempo de D. José I, que ficaram prontas por volta de 1790. Por isso, as obras são armazenadas inicialmente de forma pouco cuidada, tendo sido Frei João de Santa Anna que organizou a Biblioteca de forma eficaz.
O Magnânimo Rei D João V pretendia com as encomendas internacionais, ter um instrumento de promoção de Portugal e aumentar, assim, o seu prestígio. Foi o quarto Rei da dinastia de Bragança.
Como chegar ao Palácio Nacional de Mafra
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Depois de um artigo tão esclarecedor, fica a vontade de fazer uma visita.
Muito bom!
Boa visita! Obrigado.
Hi Pedro . Hope all is well. Very interesting article . Thanks Tommy