Baleias nos Açores Ilha do Pico, Foto Henry Simões - Up2Pico

Baleias e Baleeiros nos Açores

A história da baleação ou caça às baleias, tem origem nos EUA de onde, no final do Século XVIII, as baleeiras que partiam da costa Leste daquele País, passavam perto dos Açores. Chegavam a esta Ilha para se reabastecerem e, muitas vezes, recrutarem pescadores e baleeiros para substituirem alguns dos marinheiros americanos que, perante as dificuldades da faina, queriam terminar por ali a sua tarefa. Muitos desses Açorianos partiam assim para longas campanhas. Uns tantos regressavam, outros simplesmente não mais se sabia do seu paradeiro. Outros, ainda, ficavam-se pelos EUA onde tentavam a sua sorte.

Os Açorianos eram corajosos e hábeis e, por isso, muito eficazes nas tarefas do mar e cobiçados pelos mestres americanos das baleeiras.

Tempo de leitura: 5 minutes

Baleação nos Açores
Baleação nos Açores

As Ilhas das Baleias

Os Açoreanos regressados da América, traziam a experiência e o saber desta arte piscatória. Enfrentavam o maior animal do mundo e dele extraiam o seu valor intrínseco, pois da baleia tudo se aproveitava.

Tinham de derreter a carne para extrair o óleo que era a matéria prima para o sabão e as velas. Os ossos serviam para fazer escovas, pentes e artesanato. O que sobrava do esquartejamento da baleia utilizava-se para fertilizar as terras.

Foi a grande fonte de receita dos Açores até à extinção da baleação.

A Ilha do Pico e os Picarotos estão, em particular, associados à caça à Baleia.

A Aventura Baleeira

A faina começava ainda em terra, para procurar saber quando e onde passavam os cachalotes.

Precisava-se de montar postos de vigia à procura do jato de água da baleia, com ajuda de binóculos.

Equipamento nos Postos de Vigia
Equipamento nos Postos de Vigia

Quando se detetavam os jatos, lançava-se um foguete para avisar o avistamento. Hoje usam-se os telemóveis, claro, mas com outros objetivos.

Ao som do foguete os homens corriam para os seus barcos e lá iam desafiar o mar e as suas intempéries, mas também o gigante do mar. Levavam consigo o pequeno farnel para sobreviverem durante o tempo da faina, que era sempre uma incógnita. A caça poderia terminar daí a umas horas mas, também, podia levar alguns dias.

Baleeiras no Museu dos Baleeiros
Baleeiras no Museu dos Baleeiros

Encontrada a caça, começava uma luta com arpões e lancetas contra a força, destreza e luta pela sobrevivência. Se conseguiam derrubar a baleia, restava rebocá-la à força de braços e remos. Chegados a terra a faina era agora desmanchar o corpo e retirar dele o seu valor.

Arpões e Lancetas usadas na baleação ou caça à baleia
Arpões e Lancetas, usados na baleação

Foi uma aventura em que os baleeiros Açorianos tiveram de entrar para poderem sobreviver. Era, então, dito “que do mar se trazia o pão”.

Uma vida difícil, como se pode ver no filme de 1969, uma produção do New Bedford Whaling Museum, do realizador William Neufeld, sobre a caça à baleia.

Os Últimos Baleeiros

O fim da baleação nos Açores

O último cachalote foi abatido em 1987, já após a interdição da sua pesca pela Comissão Baleeira Internacional.

Entretanto, as fábricas de transformação das baleias foram fechadas por essa altura e começa uma nova era para as baleias e baleeiros nos Açores.

Uma Nova Visão sobre as Baleias

Baseado em estudos recentes, uma equipa do Fundo Monetário Internacional (FMI), apresentou um estudo, “Nature´s Solution to Climate Change”, com uma visão económica do que pode ser o contributo da preservação das baleias, para uma solução mais natural no combate às alterações climáticas.

De facto, as baleias valem mais para a humanidade do que o que se pensava aquando do tempo da baleação e do aproveitamento industrial que delas se fazia.

As baleias contribuem significativamente para a captura de carbono da atmosfera. Durante a sua vida acumulam carbono no corpo e quando morrem levam-no para o fundo do mar, retirando, assim, o carbono do ciclo atmosférico.

As baleias também contribuem para o crescimento do fitoplancton existente nos Oceanos. E estes microorganismos, algas marinhas que através da fotosíntese retiram carbono do ar, contribuem “com pelo menos 50% do oxigénio libertado para a atmosfera”, além de contribuirem para a retenção de carbono.

Estimam os autores deste artigo que a atividade do fitoplancton é equivalente a quatro vezes o contributo das árvores da área da floresta da Amazónia.

Uma Nova Era das Baleias, Baleeiros e Baleeiras nos Açores

Acabada a caça à baleia, ficou todo o saber e arte dos Açorianos, quer daqueles que as viam ao longe, quer daqueles que desafiavam no mar este grande mamífero.

Baleias e Baleeiros na caça à Baleia. As baleeiras continuam.
Baleias e Baleeiros

E assim nasce uma nova atividade, de “perseguição” destes cetáceos, agora não para as capturar mas, simplesmente, para observar a sua rara beleza e domínio dos mares, no seu trajeto de migração.

As baleeiras servem agora este propósito e até se fazem regatas com elas.

É uma atividade mais ecológica e, na medida em que promove o turismo, é economicamente mais importante, do que tinha sido outrora.

Em 2010, a RTP produziu um documentário sobre esta saga Açoriana, Fortuna Escorregadia que explica as dificuldades que, em tempos idos estes homens enfrentaram.

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