Da pedra se faz vinho! Ao passear pela Ilha do Pico, uma das paisagens que mais surpreende é a quantidade de muros de pedra vulcânica, que ladeando pequenas parcelas, se sabe servirem para proteger, do vento e do sal do mar, as vinhas da Ilha do Pico. As vinhas do Pico têm tradição desde a descoberta da Ilha e revelam-se nas característica únicas do vinho do Pico.
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Índice
A Descoberta das Vinhas do Pico
A vinha é cultivada na Ilha do Pico desde os primeiros tempos do povoamento, no século XV. Atingiu o expoente de produção no século XIX mas uma praga de oídio levou ao seu abandono e desertificou a própria Ilha.
Inicialmente o vinho do pico era produzido a partir da casta verdelho, que ainda hoje é uma referência. Chegou a ser exportado para os EUA e os czares da Rússia também muito o apreciavam.

As Novas Castas do Vinho do Pico
Apesar da introdução de novas castas e produzidos vinhos brancos e tintos, o cultivo das vinhas do Pico continuou sempre igual, como que arrancado à natureza.
Em terrenos vulcânicos, o homem levanta uma pedra, coloca um punhado de terra e as vinhas brotam do interior das fendas. A pedra é colocada para ir construindo um muro de pedras soltas.
Estes muros ou “currais”, como ali lhe chamam, dariam, se fossem todos colocados em linha, duas voltas ao planeta, tal a sua extensão.

Vinhas da Ilha do Pico e o Vinho do Pico
Sabendo esta história de conquista do homem à natureza, fica-se deslumbrado e ansioso por provar o afamado vinho do Pico. A estreia do Pico na prova de vinhos.

Como se lhe refere o Padre António Cordeiro, em 1717, na sua obra História Insulana das Ilhas: o vinho do Pico “emprega-se mais em gastar os maus humores, confortar o estômago, alegrar o coração, e avivar, e não fazer perder o juizo, e uso da razão, além de ser suavíssimo no gosto, e muito confortativo.”
A cultura das vinhas da Ilha do Pico foi sendo apurada ao longo dos séculos pelos frades que aqui viveram. A sua habilidade e conhecimento, fizeram a diferença.
O Pico Gigante que Emerge do Atlântico
A Ilha do Pico tem a mesma origem tectónica que a sua irmã, a Ilha do Faial, mesmo à sua frente. Separa-as um canal, como dizia Vitorino Nemésio, com mau tempo, normalmente.
Dizia Raul Brandão, na sua obra de 1926, As Ilhas Desconhecidas, que “A Ilha do Pico é a mais bela, a mais extraordinária Ilha dos Açores” e acrescentava: “É mais que uma ilha – é uma estátua erguida até ao céu e moldada pelo fogo – é outro Adamastor como o do Cabo das Tormentas”.
Por falar em tormentas, outra das grandes sagas, foi a caça à Baleia. Veremos noutra ocasião.
Património da Humanidade
Com toda a propriedade, em 2004 a UNESCO considerou a Paisagem da Vinha da Ilha do Pico como Património da Humanidade.
E não esqueça que um bom companheiro para degustar a castanha de São Martinho, o vinho do Pico pode fazer esse papel.
As Ilhas Desconhecidas
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