O relatório anual European Innovation Scoreboard (EIS) – Painel Europeu da Inovação, disponibilizado pela Comissão Europeia, baseia o seu estudo em dez dimensões agrupadas em quatro critérios: condições estruturais, investimentos, atividades de inovação e impacto. Cada dimensão engloba indicadores específicos, num total de 27 indicadores. De acordo com estes indicadores, a inovação em Portugal posiciona-o entre os Países “fortemente inovadores”, com um rating de 96,7.
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Índice
European Innovation Scoreboard
Analisemos os 27 indicadores, agregados nas dimensões e grupos, como referido, comparando a performance de Portugal com a União Europeia (UE) e o score da inovação em Portugal relativamente à média da UE.
Item | Estrutura, Dimensão, Indicador | Portugal | UE |
---|---|---|---|
Global | Indice de Inovação Global | 96,7 | 105,1 |
1.00.00 | Condições Estruturais | ||
1.01.00 | Recursos humanos | 91,2 | 105,1 |
1.01.01 | • Novos doutorados | 93,2 | 102,7 |
1.01.02 | • População de idade entre 25 e 34 anos, com ensino superior | 85,1 | 108,3 |
1.01.03 | • Formação contínua | 96,9 | 104,4 |
1.02.00 | Sistemas de investigação e desenvolvimento atraentes | 118,4 | 135,2 |
1.02.01 | • Co-publicações científicas internacionais | 130,9 | 192,2 |
1.02.02 | • Publicações mais citadas | 91,4 | 91,5 |
1.02.03 | • Estudantes de doutoramento no estrangeiro | 153,6 | 177,1 |
1.03.00 | Ambiente favorável à inovação | 130,7 | 227,2 |
1.03.01 | • Penetração da banda larga | 178,3 | 410,0 |
1.03.02 | • Empreendedorismo impulsionado por oportunidades | 76,6 | 104,4 |
2.00.00 | Investimentos | ||
2.01.00 | Finanças e suporte | 83,3 | 83,3 |
2.01.01 | • Investimento de I&D no setor público | 86,9 | 86,9 |
2.01.02 | • Investimento de capital de risco | 79,2 | 79,2 |
2.02.00 | Investimentos empresariais | 95,8 | 124,5 |
2.02.01 | • Despesas de I&D no setor empresarial | 46,3 | 53,0 |
2.02.02 | • Despesas com inovação não I&D | 114,5 | 160,5 |
2.02.03 | • Empresas que oferecem treinamento para desenvolver competências em TIC | 127,8 | 176,9 |
3.00.00 | Atividades de Inovação | ||
3.01.00 | Inovadores | 174,9 | 156,3 |
3.01.01 | • Inovações de produto / processo de PMEs | 177,0 | 176,4 |
3.01.02 | • Marketing de PMEs / inovações organizacionais | 151,8 | 124,6 |
3.01.03 | • PMEs inovando internamente | 195,2 | 170,0 |
3.02.00 | Interligações | 63,0 | 64,9 |
3.02.01 | • PMEs inovadoras colaborando com outras | 105,0 | 104,3 |
3.02.02 | • Co-publicações público-privadas | 47,4 | 53,6 |
3.02.03 | • Co-financiamento privado de investimento público de I&D | 46,4 | 46,9 |
3.03.00 | Ativos intelectuais | 75,8 | 70,8 |
3.03.01 | • Registo de patente, Sistema Internacional de Patentes (Patent Cooperation Treaty – PCT) | 49,7 | 46,1 |
3.03.02 | • Pedidos de marcas registadas | 102,9 | 109,5 |
3.03.03 | • Aplicações de design | 88,2 | 74,0 |
4.00.00 | Impactos | ||
4.01.00 | Impactos no emprego | 89,1 | 96,1 |
4.01.01 | • Emprego em atividades intensivas de conhecimento | 65,0 | 70,3 |
4.01.02 | • Emprego em empresas de rápido crescimento | 108,6 | 117,0 |
4.02.00 | Impactos nas vendas | 55,7 | 55,4 |
4.02.01 | • Exportação de produtos de média e alta tecnologia | 60,7 | 67,3 |
4.02.02 | • Exportações de serviços intensivos em conhecimento | 38,5 | 39,8 |
4.02.03 | • Vendas de inovações, novas para o mercado ou empresas | 70,7 | 59,1 |
Com base nesta informação o European Innovation Scoreboard de 2020 destaca as dimensões seguintes, como sendo as mais fortes e por esta ordem:
- Inovadores; 174,9
- Um ambiente favorável à inovação; 130,7
- Sistemas de investigação atraentes; 118,4
No domínio Inovadores, Portugal é um Forte Inovador tendo, aliás, a performance mais elevada da UE, 174,9, sendo a média desta 156,3.
Nos domínios do ambiente favorável à inovação está em 7º lugar e dos sistemas de investigação atraentes, na 11ª posição.
Destas dimensões, os indicadores em que Portugal pontua particularmente bem são:
- PMEs inovando internamente; 195,2
- Penetração de banda larga; 178,3
- PME´s com inovações de produto ou processo; 177,0
- Estudantes de doutoramento no estrangeiro; 153,6
Por outro lado, as dimensões da Inovação em que Portugal está com um score mais baixo são, por esta ordem:
- Impactos de vendas; 55,7 em 24ª posição
- Interligações; 63,0 em 20ª posição
- Ativos intelectuais; 75,8 em 17ª posição
E destas, os indicadores com pontuações mais baixas de Portugal são:
- Exportações de serviços intensivos em conhecimento; 38,5
- Despesas com Investigação e Desenvolvimento (I&D) no setor empresarial; 46,3
- Co-financiamento privado de investimento público em I&D; 46,4
- Co-publicações público-privadas; 47,4
A Classificação dos 27 Estados Membros da UE
O European Innovation Scoreboard classifica os Estados membros nos grupos seguintes:
Os Leaders na Inovação
São os que têm um score do Índice de Inovação Global acima de 125.
Estão neste grupo a Suécia, Finlândia, Dinamarca, Holanda e Luxemburgo
Os Fortes Inovadores
Este é o grupo cujos scores estão entre 95 e 125. Situam-se aqui a Bélgica, Alemanha, Áustria, Irlanda, França, Estónia e Portugal.
Os Inovadores Moderados e Inovadores Modestos
Os restantes 15 posicionam-se nestes dois grupos, respetivamente com performances entre 50 e 95 ou inferior a 50.
O mesmo relatório evidencia, ainda, que em relação à média comunitária os indicadores em que Portugal está em melhor posição são os seguintes:
Indicadores | PT | UE |
---|---|---|
% de criação de empresas (>10 empregados) | 1,5 | 1,1 |
% de atividade empreendedora | 12,9 | 6,7 |
Investimento Direto Estrangeiro (FDI) inflows líquidos (% PIB) | 3,6 | 2,6 |
Por outro lado, as diferenças mais negativas são
Indicadores | PT | UE |
---|---|---|
Investimento em I&D das empresas de topo por 10 milhões de habitantes | 4,2 | 16,2 |
Quota de emprego na industria | 17,2 | 16,6 |
…dos quais, quota de emprego na industria de alta e média tecnologia | 19,20 | 37,50 |
Quota de emprego nos serviços | 41,40 | 41,40 |
…dos quais, quota de emprego nos serviços de conhecimento intensivo | 30,70 | 34,30 |
PIB (€) per capita (Paridade de Poder de Compra-PPC) | 23100 | 29100 |
O Caminho da Inovação em Portugal
Como dizia Peter Drucker, “what gets measured, gets managed” (não se pode gerir sem medirmos o que estamos a gerir).
Mesmo correndo o risco do indicadores elaborados pelo European Innovation Scoreboard não serem uma verdade absoluta, é melhor termos informação que nos dá alguma orientação em relação à realidade, do que não termos qualquer informação. Nas palavras de Warren Buffett, “It is better to be aproximately right than to be precisely wrong.”
Estando Portugal no grupo dos Fortes Inovadores, o que podemos fazer para continuar a melhorar a nossa performance?
Podemos analisar o que fazem os nossos parceiros Europeus e, em particular, quais os indicadores do líder Europeu?
O líder Europeu na Inovação é a Suécia.
Verifiquemos as maiores diferenças entre Portugal e Suécia, em algumas dimensões, de acordo com o referido European Innovation Scoreboard.
Item | Estrutura, Dimensão, Indicador | Portugal | Suécia |
---|---|---|---|
Global | Indice de Inovação Global | 96,7 | 140,7 |
1.00.00 | Condições Estruturais | ||
1.01.00 | Recursos humanos | 91,2 | 188,4 |
1.01.01 | • Novos doutorados | 93,2 | 144,8 |
1.01.02 | • População de idade entre 25 e 34 anos, com ensino superior | 85,1 | 157,1 |
1.01.03 | • Formação contínua | 96,9 | 284,5 |
1.02.00 | Sistemas de investigação e desenvolvimento atraentes | 118,4 | 184,7 |
1.02.01 | • Co-publicações científicas internacionais | 130,9 | 257,3 |
1.02.02 | • Publicações mais citadas | 91,4 | 132,8 |
1.02.03 | • Estudantes de doutoramento no estrangeiro | 153,6 | 198,1 |
1.03.00 | Ambiente favorável à inovação | 130,7 | 178,3 |
1.03.01 | • Penetração da banda larga | 178,3 | 178,3 |
1.03.02 | • Empreendedorismo impulsionado por oportunidades | 76,6 | 178,4 |
2.00.00 | Investimentos | ||
2.01.00 | Finanças e suporte | 83,3 | 122,1 |
2.01.01 | • Investimento de I&D no setor público | 86,9 | 144,8 |
2.01.02 | • Investimento de capital de risco | 79,2 | 96,3 |
2.02.00 | Investimentos empresariais | 95,8 | 135,2 |
2.02.01 | • Despesas de I&D no setor empresarial | 46,3 | 163,6 |
2.02.02 | • Despesas com inovação não I&D | 114,5 | 92,2 |
2.02.03 | • Empresas que oferecem treinamento para desenvolver competências em TIC | 127,8 | 150,0 |
3.00.00 | Atividades de Inovação | ||
3.01.00 | Inovadores | 174,9 | 115,7 |
3.01.01 | • Inovações de produto / processo de PMEs | 177,0 | 117,0 |
3.01.02 | • Marketing de PMEs / inovações organizacionais | 151,8 | 105,5 |
3.01.03 | • PMEs inovando internamente | 195,2 | 124,3 |
3.02.00 | Interligações | 63,0 | 150,5 |
3.02.01 | • PMEs inovadoras colaborando com outras | 105,0 | 147,8 |
3.02.02 | • Co-publicações público-privadas | 47,4 | 298,5 |
3.02.03 | • Co-financiamento privado de investimento público de I&D | 46,4 | 82,5 |
3.03.00 | Ativos intelectuais | 75,8 | 131,3 |
3.03.01 | • Registo de patente, Sistema Internacional de Patentes (Patent Cooperation Treaty – PCT) | 49,7 | 155,6 |
3.03.02 | • Pedidos de marcas registadas | 102,9 | 125,0 |
3.03.03 | • Aplicações de design | 88,2 | 100,4 |
4.00.00 | Impactos | ||
4.01.00 | Impactos no emprego | 89,1 | 155,5 |
4.01.01 | • Emprego em atividades intensivas de conhecimento | 65,0 | 163,8 |
4.01.02 | • Emprego em empresas de rápido crescimento | 108,6 | 148,9 |
4.02.00 | Impactos nas vendas | 55,7 | 89,7 |
4.02.01 | • Exportação de produtos de média e alta tecnologia | 60,7 | 96,7 |
4.02.02 | • Exportações de serviços intensivos em conhecimento | 38,5 | 105,8 |
4.02.03 | • Vendas de inovações, novas para o mercado ou empresas | 70,7 | 59,4 |
Na dimensão dos Recursos Humanos a diferença no indicador Sueco é de mais de 100%.
Pelo que podemos concluir da análise, um grande impulso que todos podemos dar é investir na formação contínua, ao longo da vida. Há uma diferença enorme, 193,6%, entre Portugal e a Suécia. E, neste capítulo, todos sabemos que o conhecimento muda a uma grande velocidade e o que aprendemos na Escola ao fim de poucos anos está ultrapassado.
A experiência profissional é muito importante e só se adquire trabalhando. Contudo, não se pode deixar esquecido todo o novo conhecimento que vai sendo adquirido, porque ele vai enriquecer a nossa capacidade de inovar e produzir.
As empresas devem empenhar-se fortemente no treinamento de novas competências dos seus colaboradores, sejam técnicas sejam comportamentais. Bem assim, estes também não podem esperar que a formação lhes seja oferecida.
É preciso estudar e valorizar-se, usando as várias possibilidades que hoje estão disponíveis, desde o livro, ao ebook, ao e-learning, seminários de curta duração ou a cursos especializados nas áreas que julguem importantes para a sua valorização.
Existem aqui oportunidades para as Universidades e Politécnicos criarem novos cursos presenciais ou remotos e plataformas de auxílio ao ensino, de que é exemplo a Exam.net de origem Sueca.
Na formação académica dos jovens entre os 25 e 34 anos também temos um grande “gap”, de 84,6% em relação à Suécia, mas aqui dependemos da resposta das estruturas universitárias e politécnicas existentes e das oportunidades que esses jovens tenham em as frequentar.
Na dimensão dos investimentos empresariais, podemos verificar uma notável diferença nas despesas de investigação e desenvolvimento que as empresas investem consagram. A Suécia tem um indicador que é superior em 253,3%!
Os apoios são bem-vindos, mas parece que aqui mais uma vez, a capacidades e os conhecimentos que quer os colaboradores quer os empreendedores têm é importante. Se o empreendedor não tem determinados conhecimentos deve rodear-se de profissionais que os detenham por forma a ajudar a impulsionar a inovação e a produção de novas ideias operando a transformação em novos produtos e serviços.
Também na capacidade de oferecerem formação em TIC aos seus colaboradores, as empresas portuguesas estão abaixo da média comunitária com um “gap” de 38,4% e em relação ao Sueco com mais 17,4%.
No domínio das Interligações estamos com uma diferença de 138,9% da Suécia. Em todos os indicadores a nossa posição é sempre muito inferior. Precisamos que as nossas empresas colaborem mais com as entidades públicas, não só co-financiando investimento público como associando-se entre si, colaborando com laboratórios, centros de investigação e ensino para que possam surgir novas ideias, produtos e serviços.
Esta colaboração pode potenciar o registo de patentes internacionais, no qual o setor público pode também colaborar, facilitando este registo com apoios a este investimento. A Suécia tem um indicador que é 213,1% mais elevado que o de Portugal!
Vamos prosseguir nesta caminhada, inovando e acrescentando valor à nossa economia.
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